Lost - Última Temporada - Crítica do último episódio.

segunda-feira, 24 de maio de 2010


"Live Together, Die Alone."

Gostei muito do desfecho de Lost. Achei que foi a altura do que a série merecia. 
É ridículo querer classificar uma série tão rica e densa partindo do pressuposto de que todos os mistérios levantados na série deveriam ser revelados. Claro que não. Isso fica por nossa conta. Com mistérios abertos sempre teremos assuntos para discutir eternamente, o que deixa até a esperança de uma sétima temporada em um futuro distante. 
Na minha opinião a pergunta mais importante deveria ser: "Qual mistério realmente importante ficou por revelar?" " O que existe de mais importante do que a vida, a essência e a morte dos personagens?". As pessoas precisam entender que o foco principal da série não é a ilha. Nunca foi. A série usou um mundo fantasioso para falar de pessoas. Mostra os mais diferentes tipos de seres humanos com as virtudes e as fraquezas que todos nós temos. O mundo que outrora parecia se tratar de uma Realidade Paralela, nos deu a impagável oportunidade de conhecer mais um pouco dos personagens. Sawyer teve seu caminho desviado por um trauma de infância, mas na verdade sempre quis ser um líder honesto, assim como foi durante a sua vida na Iniciativa Dharma. Kate se tornou uma mulher livre, Hurley se tornou um empresário de sucesso. Todos acabam encontrando a felicidade não alcançada em vida. Acho que esse é o melhor conceito de "Céu" que podemos buscar. Viver junto das pessoas que amamos alcançando os objetivos que por ventura não tenham sido alcançados em vida. Muitas pessoas tiveram dificuldade de entender o conceito de "Limbo" criado pelos autores, principalmente pela característica atemporal do mesmo. Hurley e Ben conduziram a ilha ainda por muito tempo. Kate, Hurley, Sawyer, Claire, Miles, Richard e Lapidus sairam da ilha. Realizaram o sonho de todos. Morreram provavelmente em uma cama confortável em um hospital qualquer de Los Angeles. Ou não. Mas foram livres. Jack, por sua vez, (meu personagem favorito), cumpriu sua missão. Foi o líder que se ofereceu a ser desde a primeira temporada. Salvou a ilha, salvou seus colegas e morreu com honra. Morreu sozinho para que os outros pudessem viver juntos, assim como sempre foi o seu lema. O fato da série começar e terminar com o despertar do seu olho, não é a toa. Jack foi Jack, e terminou assim.

A idéia de nunca mais ter um capítulo inédito de lost para assistir é dolorosa. Foram 6 anos memoráveis. Fica a lembrança de cada personagem, por mais coadjuvante que ele tenha sido. Valeu a pena cada capítulo.
Inesquecível.

"This is a place where miracles happen."

1 comentários:

Anônimo disse...

Senti-me completamente enganado por esse final fraco, chato e arrastado que exige que basicamente esqueçamos tudo que veio antes. É uma temporada para rever os personagens que morreram (todos reaparecem no tal universo paralelo) para o deleite dos fãs que, depois de ficarem 6 anos amarrados na TV, sentem vergonha de dizer que a temporada final é um lixo.

Quem não viu a sexta temporada pois, a partir daqui, há SPOILERS. Pule para o último parágrafo se não quiser saber nada.

Eu avisei.

Outra coisa que me deixou muito chateado foi a ginástica do roteiro para provar ao telespectador que tudo havia sido pensado dessa maneira desde o inicio. O exemplo mais cretino disso foi o episódio 15, Across the Sea, em que finalmente vemos, em flashback, a origem de Jacob e do homem de preto. Os dois nascem de uma náufraga que é subsequente morta pela guardiã da ilha. A guardiã cuida dos dois meninos como se mãe deles fossem, preparando-os para que um deles um dia a substitua na tarefa.

No entanto, a guardiã não sabe o que guarda (além de ser uma luz) e o roteiro dá ignora completamente coisas como: de onde vem o poder de imortalidade e outros da guardiã. Como Jacob ganha os vários poderes que viria a mostrar mais tarde. O que exatamente é a fumaça negra? Seu irmão, o homem de preto ou a encarnação do mal puro? De onde vêm as construções da ilha como a estátua com quatro dedos e o farol que localiza pessoas? Isso tudo é convenientemente deixado de lado pois simplesmente não há explicação e os produtores de Lost, então, passaram a vender para o público bobão que a explicação não é importante, ao passo que, lá no começo da série, cansaram de dizer que tudo seria explicado.

Mas nesse episódio, os roteiristas fazem questão de colocar cenas que se remetem diretamente aos primeiros episódios da primeira temporada, em que Jack acha dois esqueletos lado a lado e um saquinho contendo duas pedras. A impressão que passa para o espectador que quer muito gostar da série é de "Uau, os roteiristas são gênios". O que acontece na verdade, porém, foi que os roteiristas viram o que fizeram, inventaram uma estória tresloucada, completamente sem pé nem cabeça e deram um jeito de encaixar no que vimos no começo da série.

E o que é aquela pedra que serve de rolha para o poço de onde sai a luz misteriosa. O coitado do Desmond vai para lá como se soubesse o que faz e quase destrói a ilha no processo. Aí, é só colocar a rolha de novo no lugar que tudo se resolve? WTF?

E, como se isso não bastasse, depois, já no finalzinho do último episódio, temos aquela explicação safada do pai de Jack no sentido de que todos já estavam mortos e que não havia um passado, presente ou futuro na capela da igreja onde eles estavam, que foi "construída" para todos se encontrarem alí pois o tempo em que os personagens passaram juntos foi o mais importante da vida deles. Raios. O que isso pode significar? Eu sei! Que nós, espectadores, somos muito otários mesmo...

É meio que aquela velha estória da Roupa Nova do Rei, em que o tal costureiro real fala para o rei que a inexistente roupa que costura para sua excelência é magnífica, ao ponto de o rei e seus súditos acreditam. O rei está nu!

FIM DOS SPOILERS

A última temporada teria sido melhor se tivesse apenas 5 ou 6 episódios, talvez menos ainda. Com 17 (18, na verdade), cada episódio foi um suplício, a arte da enrolação em sua manifestação máxima, sendo os sideflashes o ponto alto dessa nefasta arte. Se era para nos enganar, pelo menos poderiam ter sido cavalheiros o suficiente para fazer isso rapidamente, sem muito sofrimento