O outro lado da moeda - Episódio II

sexta-feira, 19 de março de 2010

Cada ponto de vista, é a vista de um ponto.

Um certo campeão.

  Me  lembro do meu presente de 6 anos. O mais especial que ganhei até hoje. Meu primeiro kart foi o meu melhor carro. E olha que já foram muitos. Lembro-me da primeira volta dentro de um carro de corrida. Logo soube que seria aquilo que queria fazer pro resto da minha vida. Passei por várias categorias e campeonatos no automobilismo. Brasileiro de Kart, Fórmula Opel, Fórmula 3, Fórmula 3000. Sempre quando diziam que eu ia parar, eu seguia em frente. Fui campeão e recordista por onde passei. Meus tempos eram impressionantes. Cheguei ao topo ainda jovem. Quando dei por mim já estava guiando um Fórmula 1. Meu sonho de criança que outrora parecia tão distante, tinha se tornado real. Comecei no ano de 1993. Corri com verdadeiras lendas do esporte. Pilotei as máquinas mais modernas do mundo. Me destaquei. Estive entre os grandes por mais tempo do que qualquer outro piloto na história da maior competição automobilística do mundo. Disputei títulos. Consagrei-me vice campeão do mundo de Fórmula 1 no ano em que o campeão fora ninguém menos que o maior piloto de todos os tempos. Sei que não corri em iguais condições que ele. Poderia tê-lo enfrentado de igual pra igual. Não me permitiram. Ainda me ocorre alguma lágrima ao lembrar daquela temporada.
Já se foram vários anos desde minha primeira volta de kart. Hoje guio mais pelo prazer que o cockpit me proporciona, do que por qualquer outra coisa. Faz alguns anos que venho me despedindo da minha grande paixão. Não consigo me imaginar fazendo outra coisa. A velocidade corre em minhas veias. Assim como corre nas do meu tão honrado pai. Encerrarei minha carreira com a certeza do dever cumprido, mas com duas grandes frustrações. Me faltou o mundial de pilotos, e me faltou o poder de conquistar o respeito do meu próprio país. Fiz muito. Sei disso. Fui onde poucos chegaram. Representei o Brasil pelos 4 cantos do planeta. Mas meu nome ainda é vinculado a piadinhas e pouco respeito. Doi. Mas os meus números estão aí. Amo meu pais, mas tenho vergonha do quanto meu povo ainda não sabe valorizar os seus próprios feitos.
A hora do adeus está chegando. A hora que levantarei nas manhãs de domingo e ligarei a tv como qualquer outro brasileiro apaixonado pela Fórmula 1. Nessa hora voltarei a ser apenas o Rubens.

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