O outro lado da moeda - Episódio III

segunda-feira, 22 de março de 2010

Cada ponto de vista, é a vista de um ponto.

O dia D.

Me chamo Mohamed Atta. Você não conhece meu nome, mas conhecerá meu feito a partir de hoje. Escrevo do já movimentado aeroporto de Boston, antes mesmo das 6 da manha. Desde minha saudosa infância no subúrbio do Cairo, acho que minha vida vem se encaminhando para o dia de hoje. Durante todo esse tempo, vi parentes e amigos sendo mortos em guerras e ações americanas no oriente médio. Perdi muito, e nunca concordei com o esse tal modo americano de vida. Somente uma pessoa que já morou lá do outro lado do mundo, para me compreender. A soberba e a crueldade do exército americano que a muito vem destruindo meu ocidente e a terra de meus ancestrais me afronta. Os passos que estou prestes a executar vem sendo estudados minuciosamente à anos, pelas mentes mais brilhantes do mundo. Não sinto medo. Sei que a vida de muitos se perderão nesse processo, mas esse sangue todo lavará a alma do meu povo mutilado injustamente. Nosso feito entrará para história. Esse presidente que agora governa lá, tal como seu pai já governou um dia, sentirá por um dia o gosto que sentimos a décadas. Será a resposta do mundo árabe. Calculista, cruel e sorrateira, assim como deve ser. Tenho certeza que anos mais tarde eles dirão que tudo isso fora programado por eles, que nunca aceitarão o fato de terem sido enganados por nós, mas a verdade é que o nosso plano surpreenderá a todos. Sei que a retaliação será impiedosa. Mas nada muito maior do que tudo que já enfrentamos já a muito tempo. Hoje colocarei em prática todo o meu treinamento e os anos investidos na academia de aviação. Serei perfeito, exato, sublime, impecável. A todos que chorarão a minha morte, saibam que morrerei da forma mais honrosa que um guerreiro da Al-Qaeda pode morrer. Defrontando o eterno inimigo. Faço isso por vocês, amigos afeganistãos e tantas outras famílias dessa sofrida região. Hoje será o dia da grande resposta. O gigante americano cairá de joelhos.
Vou me despedindo. Já ouço a chamada do vôo 11 da American Airlines. É chegada a hora do grande show. Preciso cumprir minha missão e terminar com minha passagem nesse mundo de uma forma triunfal. Deixo aqui meu epitáfio em forma de carta, e saibam que quando minha aeronave atingir a grande torre, o sorriso da vitória dos injustiçados estampará o meu rosto.

Boston, 11 de setembro de 2001.


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